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sábado, 23 de outubro de 2010

A HISTÓRIA DO REI PELÉ

Vinicius Mesquita/UOL

Amigo de infância guardou documento. Para a Liga Bauruense, Pelé nasceu no dia 21

23/10/2010 - 11h00

Ressentida, Bauru ainda espera por mais carinho de Pelé

Vinicius Mesquita
Em Bauru (SP)

Pelé nasceu dia 23 de outubro de 1940 em Três Corações, Minas Gerais, e brilhou em Santos, no litoral paulista, a partir de 1956. Entre estas duas cidades existe Bauru, no interior de São Paulo, município significativo para o desenvolvimento do menino Edson, mas melancólico em relação à falta de prestígio biográfico. Sem o apelo contundente dos slogans ligeiros – Bauru nunca pôde vender imagens como “Pelé nasceu aqui” ou “Pelé foi campeão aqui” -, a cidade assumiu o papel da mãe enciumada e até hoje espera por mais mimos do ex-jogador de futebol.

“Bauru ensinou Pelé a jogar bola, Bauru cuidou de Pelé e Bauru preparou Pelé para o mundo, mas ele foi embora, deixou a cidade”, disse Sérgio Losnak, presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru (Codepac), entidade responsável pelo processo de tombamento da derradeira casa da família do ex-jogador na cidade. “Muita gente diz que ele não gosta ou não liga para Bauru. Não é verdade. As pessoas só não podem esperar que ele venha sistematicamente até aqui. Não dá", explica Losnak. "Os mais antigos ainda têm um bom sentimento em relação a Pelé, mas os mais jovens da cidade não têm mais identificação com a história do atleta por aqui."

E não é fácil encontrar vestígios de Pelé pela cidade. Os símbolos de sua trajetória pelo município do interior paulista desapareceram ou estão deteriorados. Pelé trocou Três Corações por Bauru quando tinha quatro anos de idade porque seu pai, Dondinho, havia sido contratado para defender o Bauru Atlético Clube (BAC) em setembro de 1945. O adolescente só deixou o interior paulista em 1956, antes de completar 16 anos, para defender o Santos. Porém, boa parte dos detalhes destes 11 anos de história do menino Pelé estão resguardados somente na memória de seus amigos de infância.

Quando iniciei a reportagem, ainda na redação, marquei por telefone uma entrevista com o jornalista Luiz Carlos Cordeiro, 68 anos, autor do livro “De Edson a Pelé”, ágil biografia sobre a infância e adolescência do Rei. Na estrada, em direção a Bauru, parei o carro próximo a Botucatu e telefonei para Cordeiro: “Chegarei aí no final da tarde. Caso seja possível, faço a entrevista na noite de hoje mesmo”, disse ao biógrafo.

Poucos vestígios da história de infância

  • Vinicius Mesquita/UOL

    A sede do Bauru Atlético Clube virou supermercado

  • Vinicius Mesquita/UOL

    Casa da família de Pelé está danificada e suja

  • Vinicius Mesquita/UOL

    Aniel, amigo de infância, guarda camisa do BAC

“Vamos ver. Ligue lá pelas 17h30 e combinamos”, respondeu Cordeiro, que estava preparando o relançamento de seu livro, atualizado, para aproveitar e embalo pelos festejos dos 70 anos de Pelé.

Telefonei novamente, no horário combinado, e Cordeiro disse que seria melhor fazer a entrevista pela manhã. “Poderemos falar bastante sobre o Pelé. Telefone às 9h30 e combinamos o local de encontro”, disse o jornalista.

Na manhã seguinte, liguei às 9h30 e não obtive resposta. O celular só chamava, Tentei às 10h, 10h30, e nada. Finalmente, recorri ao telefone da revista “Atenção”, onde ele também trabalhava. Para meu espanto, fiquei sabendo que ele tinha acabado de falecer. Ele estava próximo de sua casa quando foi vítima de uma parada cardiorrespiratória em função de um infarto do miocárdio.

Além do choque, tive frieza para pensar que até as pessoas que conhecem as boas histórias sobre Pelé em Bauru também estavam desaparecendo, deixando a cidade ainda mais carente.

O Bauru Atlético Clube (BAC), clube onde Pelé participou de torneios juvenis entre seus 13 e 14 anos, não existe mais. Em 2006, o terreno do clube falido foi vendido a uma rede de supermercados. Não sobrou um prego para contar a história. “Deveríamos ter preservado pelo menos o portão original de entrada do clube. Infelizmente, não foi possível”, disse Losnak.

Fotos no estacionamento

Para compensar, o supermercado montou um mural de pastilhas cerâmicas, próximo à entrada, com o desenho da fachada original. E das esteiras rolantes que dão acesso ao estacionamento é possível observar um painel com quatro fotos antigas do clube. Uma delas mostra a formação titular do Baquinho, nome carinhoso dado ao time juvenil do clube, com o menino Pelé sorridente sentado sobre uma bola.

Do mercado, peguei o táxi em direção à última residência da família de Pelé em Bauru, na quadra 4, número 10, da rua Sete de Setembro. O taxista ficou surpreso por saber que existia uma casa da família do Pelé na cidade. “Nossa, não fazia ideia”, disse ele, que preferiu não se identificar.

Amigos parabenizam Pelé pelos 70 anos

A residência está abandonada. Os vidros das janelas frontais foram quebrados e o corredor da entrada cheio de folhas secas e resto de lixo. Um muro foi erguido sobre a delicada fachada original para impedir invasões de moradores de rua.

“Tinha algumas pessoas morando lá. Alguns dizem que eram drogados, outros falam que mendigos ocuparam o local. Seja como for, a casa foi invadida. Para impedir que isso acontecesse novamente, um muro foi erguido”, disse Losnak. “Pelé nunca morou naquela casa. Ele auxiliou na compra do imóvel após a Copa de 1958 e fazia visitas a seus pais.”

A família de Pelé demonstrou interesse em vender a residência e a própria prefeitura da cidade estaria interessada em adquiri-la. "O processo de tombamento deve ser concluído até o início de 2011. Só depois disso será possível definir o que fazer com o imóvel", comenta Losnak. "As gerações mais novas só entenderão a importância de Pelé para Bauru quando seu valor simbólico for materializado. Pode ser um museu, um memorial, não importa”, diz Losnak.

Fonte: uol Esporte

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